Gerenciamento cognitivo no TDAH: Referências e orientações para fortalecer as funções executivas

Gerenciamento cognitivo no TDAH: Referências e orientações para fortalecer as funções executivas

Entendendo a disfunção executiva no TDAH

As funções executivas são um conjunto de habilidades cognitivas de alto nível que atuam como o sistema de gerenciamento do cérebro. Elas são essenciais para planejar, manter o foco, regular o comportamento e atingir metas.

Para adultos com Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), essas funções são frequentemente inconsistentes. Essa inconsistência é conhecida como disfunção executiva, a principal responsável pelos desafios de organização, produtividade e controle de impulsos no dia a dia.

A seguir, explicamos algumas das principais funções executivas e os desafios comumente enfrentados na rotina, bem como algumas ferramentas e orientações para auxiliar no manejo destas dificuldades.

 

As habilidades essenciais afetadas pelo TDAH

  1. Controle Inibitório

A capacidade de parar ou ignorar impulsos, distrações e informações irrelevantes para manter o foco na tarefa atual.

– Desafio no TDAH: Impulsividade (falar ou agir sem pensar) e distração intensa.

 

  1. Memória de Trabalho

A capacidade de reter e manipular ativamente informações na mente por um curto período para executar uma tarefa (ex: seguir instruções de múltiplos passos).

– Desafio no TDAH: Dificuldade em seguir sequências longas, esquecimento de ideias ou tarefas pendentes.

 

  1. Flexibilidade Cognitiva

A capacidade de ajustar o foco ou a estratégia mental em resposta a um erro, feedback ou mudança de circunstância.

– Desafio no TDAH: Dificuldade em mudar de uma atividade para outra ou em aceitar que um plano inicial precisa ser alterado.

 

Estratégias práticas: Um guia de ação para adultos com TDAH

As seguintes estratégias foram organizadas como possíveis ferramentas externas para lidar com as dificuldades e apoiar o funcionamento executivo.

I. Organização, planejamento e iniciação de tarefas

  • Decomposição de tarefas: Divida projetos grandes em etapas menores e específicas para facilitar o início e a visualização do progresso.
  • Priorização: Limite-se a definir somente as 3 prioridades mais críticas do dia.
  • Agendamento visual: Use um planner ou agenda física/digital para alocar blocos de tempo específicos para cada atividade.
  • Diminuição de distratores: Deixe o ambiente de trabalho organizado como um sinal para começar a tarefa (ex: material de estudo pronto na mesa).
  • Ponto de Retomada: Ao pausar uma atividade, anote imediatamente o próximo passo exato a ser executado quando você voltar.

 

II. Gerenciamento do Tempo e Foco

  • Técnica Pomodoro: Trabalhe em ciclos definidos (ex: 25 minutos de foco seguidos por 5 minutos de pausa).
  • Gerenciamento de tempo: Para evitar atrasos, adicione uma margem extra (cerca de 50%) ao estimar o tempo de qualquer tarefa ou deslocamento.
  • Alarmes de transição: Use alarmes para sinalizar o fim de uma atividade e a necessidade de transição para a próxima.
  • Barreira de distração: Utilize aplicativos bloqueadores de sites e redes sociais e mantenha notificações desnecessárias desativadas.

 

III. Memória de Trabalho e Controle Inibitório

  • Registro imediato: Anote compromissos e ideias imediatamente em um local centralizado (ex: agenda).
  • Sistemas visuais: Use checklists ou post-its para manter as informações ativas e visíveis.

 

IV. Metacognição (Autoavaliação)

A metacognição é a capacidade de analisar seu próprio desempenho e ajustar as estratégias.

  • Revisão semanal de estratégias: Dedique um momento para avaliar quais estratégias utilizadas funcionaram e quais falharam.
  • Registro de progresso: Mantenha um registro das pequenas conquistas para manter a motivação.
  • Ajuste de metas: Defina metas de processo em vez de metas de resultado e ajuste-as semanalmente com base na sua análise.

 

A gestão eficaz do TDAH depende da consistência na aplicação dessas ferramentas externas, porém sabe-se que a implementação destas estratégias podem ser um desafio. Se você notar dificuldades na aplicação destas orientações ou se sentir sobrecarregado pela complexidade da rotina, isso é um sinal para procurar um profissional de apoio.

Além disso, vale lembrar que, mesmo tratando-se do mesmo diagnóstico, cada pessoa poderá ter alterações diferentes conforme seu histórico, características pessoais e manifestação dos sintomas.

Você não precisa enfrentar os desafios da disfunção executiva sozinho. A assistência de um psicólogo pode ser fundamental para acolher as dúvidas, personalizar as ferramentas e garantir um acompanhamento eficaz.