Avaliação Neuropsicológica em Adultos: O guia completo de como funciona o diagnóstico

Embora haja um aumento crescente no interesse pelo tema, a avaliação neuropsicológica ainda gera receios e dúvidas. Se você busca entender problemas de memória, atenção, TDAH, TEA ou as interações entre humor e cognição, é natural ter dúvidas sobre o processo: “O que, exatamente, acontece na sala de avaliação?”

Criamos este guia completo e objetivo para desmistificar as sessões para o público adulto, garantindo que você se sinta informado e seguro para iniciar sua jornada de autoconhecimento.

O que a Avaliação Neuropsicológica investiga?

A avaliação não mede apenas inteligência. É uma investigação abrangente que busca a origem das dificuldades, integrando o desempenho cognitivo e o perfil emocional e comportamental. O objetivo é identificar hipóteses diagnósticas e planejar a intervenção.

Portanto, investigamos:

• Habilidades cognitivas: Como atenção, memória, linguagem, raciocínio lógico e funções executivas.
• Domínios emocionais e comportamentais: Como humor, tolerância à frustração, traços de personalidade e habilidades sociais.

O passo a passo

O processo é colaborativo e geralmente dividido em quatro etapas principais:

1. A entrevista inicial (anamnese)

• Propósito: Entender a sua queixa principal (o que o motivou a buscar ajuda) e levantar o histórico de vida (acadêmico, profissional, médico e social).
• Foco: Entender o desenvolvimento e a evolução dos sintomas, bem como questões emocionais e de personalidade, investigando como esses aspectos interagem e afetam sua rotina.
• Individualidade: A seleção dos testes é feita de modo personalizado, considerando informações pessoais (como idade e nível de escolaridade), além das queixas, hipóteses diagnósticas e perfil individual de cada um.

2. A aplicação dos testes

• O que esperar: Nesta fase, você fará diversas tarefas e responderá a questionários que duram algumas sessões. Os instrumentos são padronizados e validados cientificamente, incluindo testes de funções cognitivas, questionários e escalas.
• Importante: Não se espera que você “acerte tudo”. É totalmente normal achar algumas tarefas muito fáceis e outras muito difíceis. O objetivo é entender o seu perfil de facilidades e dificuldades.

3. A devolutiva e o laudo

• O Processamento: Após a coleta de dados, o neuropsicólogo compara seus resultados nos testes com as normas de cada um deles e com o seu histórico de vida para fechar o quadro clínico.
• A função do laudo: É o documento técnico que consolida o processo, detalhando o desempenho em cada área cognitiva e comportamental, e apresenta as conclusões diagnósticas e funcionais.
• A devolutiva: A sessão final onde o neuropsicólogo explica o laudo de forma clara e acessível, focando na relação entre queixa e desenvolvimento com os achados da cognição, humor e comportamento.

4. O plano de intervenção

O principal valor da avaliação está nas orientações específicas que transformam o diagnóstico em ações práticas. Estas recomendações podem incluir:

• Estratégias de manejo prático: Dicas para lidar com déficits no dia a dia (organização, ambiente de estudo/trabalho, etc).
• Psicoterapia: Indicação de acompanhamento para manejo de humor, habilidades sociais e comportamento.
• Reabilitação neuropsicológica e estimulação cognitiva: Atendimentos para intervir nas funções cognitivas afetadas com técnicas individualizadas, estratégias compensatórias e treino de novas habilidades, visando a funcionalidade e qualidade de vida.
• Encaminhamento médico: Sugestão de acompanhamento neurológico ou psiquiátrico, se necessário.

A avaliação neuropsicológica oferece um entendimento aprofundado do seu funcionamento cognitivo e comportamental. Ao final deste processo, você obterá informações valiosas que vão além de um diagnóstico, incluindo autoconhecimento e embasamento para fundamentar suas decisões, cuidar da sua saúde mental e elevar sua qualidade de vida.